Sem expedientes, sou pés descalços com sementes, sementes que buscam outros expedientes, dançam e fertilizam meus pés descalços que vibram, vibram os viadutos do absurdo que giram versos de saias, dança de saias é giro de versos, yawretê-anhambebe, giro de versos é dança de saias, Yawretê, giro de versos, giro de versos...giro minha oca, giro minha saia, giro o meu índio, e o meu suor rega a terra em círculos, suor vermelho, lama de urucum, empenha a cerâmica do meu próprio pote de menino, que a cada contração, Anhambebe, que a cada dilatação, Anhambebe, eu nasço Yawretê, Yawretê!
E na dor do parto, meus joelhos não aguentam, torcem os joelhos de dor, caídos, inevitavelmente doloridos, envergo-me feito vértebra de bambu que sangra nas costas, cocares, colares de veias, ossos de penas, penas de sangue, sangue de ar, aaaasas, asas das dores dos troncos coloridos de todas as tribos, asas das minhas lágrimas de galhos de água que evaporam o finito, o finito é morte do instante e no mesmo instante vivo, Yawretê-Anhambebe.
Mas sou velocidade luminosa que passa pela abertura da oca, pausa, pausa flutuante, admira o meu índio, admirado diante das asas criadas na dança de asfalto batido, sou índio de asas canibais que de tanto cansaço, pressa e fome, como a lua, de barriga cheia, ejaculo esperma de via-láctea, esperma reluzente de um índio, faz um caminho no infinito, sou prazer de asas no voo de um vencido.
E pergunta meu índio menino, que prazer há no voo de um vencido, depois de tanta dor na oca de um urbano branco índio, mas é a dor de um vencido que faz nascer às justas asas do velho mar, vento azul marinho, bato as asas, indo, lindo índio, na plenitude do voo, descanso da dor, louvor ao infinito.
Yawretê - Anhambeeeeeee...
Yawretê - Anhambeeeeeee...
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