Motorista de caminhão / conto erótico



MOTORISTA DE CAMINHÃO

O velho vício palpitava no peito e insistia para que fosse ao bar-mercearia comprar cigarros num dia muito quente, daqueles de tornar o gesto lento e ausente, mas o peito pede a nicotina do dia a dia e de trocados na mão, camiseta e calção, fui, empurrando minha bicicleta de retângulos e entrei no bar, num horário vazio, porém não tão vazio já que um jovem homem que umedecia a garganta com um copo de cerveja e se distraía com paisagens urbanas e o tempo. Tempo de observar, o som, o gesto, o copo, a boca e as pernas, grossas, até que traga o meu cigarro dá tempo de eu imaginar o que há para além do calção, azul, cor que eu mais gosto, marinho como o mar e seu bronzeado marrom dourado nos braços fortes, e para a minha surpresa, sem olhar nos meus olhos, convidou para a cerveja, não teria surpresa se o convite não fosse para tomar na sua própria casa: passa lá, sete horas. Eu não bebo, pensei, mas aceitei, paguei o cigarro e disse, sim, eu irei.

Tomei banho, troquei o calção e de chinelos fui para um encontro estranho que eu ainda não conhecia, pelo menos, não assim. Bati palmas no portão e tive a certeza de que ele não estava lá, havia um silêncio no som de cada bater de palmas que não era correspondido, mas ele apareceu e surpreso: ele veio! E eu, inevitavelmente pensei: ué, não era para vir, e ri, mas o juízo que manda na educação me fez perguntar: você está ocupado, posso vir outro dia. Não, claro que não, já vou abrir, subiu as escadas, abriu o portão e sentei no corredor, o dia ainda era quente, e eu e ele, estávamos cansados. Venha até aqui, na cozinha, é mais fresco. Levantei, apreensivo, por entrar numa casa que não é minha, mas fui convidado, então, por que não tomar a tal cerveja para aliviar os fatos.

Da cerveja para a sala, foi um pulo, e aí já não dava mais para o tempo de constrangimento, não mesmo, era eu, ele, e o sofá. Depois, era eu, ele, e minhas mãos em suas coxas, já o sofá desapareceu, enquanto eu descobria com minha boca, mais do que seu calção e suas virilhas. Ele levantou, e se despiu, e eu fiz o mesmo, os dois nús de esquecer o tempo, pediu para que eu me apoiasse em outro lugar, fiz sem pensar, e como gay passivo fiquei de joelhos no tapete e cotovelos apoiados, estava de quatro sendo abraçado por trás, ele me deitou como mulher e me  penetrou, com a devida camisinha, e gemeu o encontro. eu gemi também. No instante do ato, pensei, na intimidade que eu não tinha, pois ele era meu amigo apenas desses de dizer olá, mas, seja o que for, ele gemeu de último como se fosse o primeiro gozo para se libertar, e eu também, libertei-me, caindo, cansado, sobre o tal sofá, que agora, reapareceu.

Foi bom. Foi muito bom. Não tão curto, não tão rápido, eu me vesti e me despedi. Fui para casa e passado o tempo encontrei com meu amigo, motorista de caminhão, inúmeras vezes, e realmente, sexo não é intimidade, e logo tudo volta pro lugar, ele virou apenas meu amigo íntimo de cumprimentar, dizer bom dia e como vai, e quem sabe, outro dia, do sofá para beira de minha cama, eu terei outra cerveja a mais.









































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