Um tronco sobre a trilha / conto erótico


Caminhava descalço na areia fria para descansar os pés dos passos que dei, ao longo de oito anos, retirando os desenganos e as lágrimas que escorriam sobre minha alma, dos amigos perdidos e sem aviso, outros espinhos, alguns ainda insistiam, mas ia abandonando pelo caminho a falsa perspectiva de amar sozinho, e seguia para a trilha que me daria a foto que tanto queria, porém uma fileira de bambuzais nos dois lados do caminho entrecortavam as luzes de um destino, era assim que eu lia, a natureza da trilha. Subi pelas pedras na ponta da praia, e entrei na atlântica mata sufocada pelo sol, suava, escorria pela espinha o suor do dia a dia entre uma família de esquilos, um esperto lagarto, verde e rápido, e uma cobra nágua, inofensiva e protegida pela lâmina da escura água, quase fotografei, mas...um tronco caído sobre a trilha forçava que me deita-se, agacha-se, humildemente, até roçar a lama do caminho, ou isso, ou jamais teria seguido, então, agachei e atravessei, para o perigoso e estreito passo apoiado nas pedras ainda úmidas da última chuva. cheguei lá. sim, os raios de sol no bambuzal fariam a geometria natural captada pelo fotógrafo. Sensual era a foto, mas se antes do clique não sumisse o sol. desapareceu, e o momento se perdeu. caramba! gritei eu, o que aconteceu? Uma nuvem de massa cinza corria sobre o céu de Bertioga, feito parede de final de espetáculo, censurando o ato, impedindo a foto. Vendaval, varria folhas e frutos, galhos mudos, cortavam, e e me batiam como um açoite na pele de escravos. Fugi, fugi dali, pois se não voltasse, quando a água escorresse da encosta carregaria as folhas mortas e um magrelo fotógrafo, franzino, para o precipício do fundo do raso mar do Indaiá. Corri, perigosamente e inconsequente para uma trilha molhada entre poças de água e pedras lisas, mas de novo, o tronco sobre a trilha, e desta vez um rapaz do outro lado que não tinha atravessado, esticou seu braço para mim e disse que é melhor subir. -Subir? Nesta encosta de pedra lisa, mata molhada, e toda essa água que escorria... Segurou firme no meu braço, pegou meu pulso no espaço, e sem aviso, subiu me carregando como um galho, puxou minha cintura pela minha camisa escura, e comigo partiu, numa queda de braço com o vento, e raízes no limo íngreme, arrancava a passagem até me deitar sobre uma pedra entre verdes e nuances poéticas disse: você é minha caça! -Ah? E antes que eu entendesse meteu a boca no meus lábios ignorando o vento escarrado que não respeitava o espaço e o beijo. Ele me virou de lado, mordeu minha nuca, desceu lambendo minha espinha, arrancou meu calção, e numa mordida e num tapa tinha minhas nádegas abertas para serem penetradas, mordeu, acariciou e bateu, para amaciar a carne de tua caça. E eu, consenti sobre a pedra, deitei-me como mulher incerta, e apostei, por entre minhas coxas o galho grosso de um rapaz inesperado, penetrava seu pênis, suas veias, seu sangue, seu pulsar de instantes, até gozar. Lá dentro, ouvi as pedras de São lourenço, ejaculando o mar. Forte era o homem, mas a onda deitando seu esperma na pedra era muito mais.  Escorreu o leite pela minha perna e eu, nu e nua, entreguei minha dualidade para o sol. Ele veio, o sol, no mesmo instante que o homem deitou seu corpo sobre o meu, descansou, e num suspiro, de um calmo vento, sem sustos surpresos, deu-me a mão e me pediu em casamento. -O quê? -É o rito, disse ele. mas eu, indignado, por que o rito não conhecia e não havia dito sim. então ele afastou os galhos que escorriam o orvalho e disse: o sim não é teu, e mostrou-me o arco-íris. lindo, mas se o sim não é meu, o não do rito também se perdeu, pensei. -Mas não o arco-íris, disse ele, casei-me com o teu, pois foi o arco-íris que nos concebeu. -Parece um espelho colorido, e sem dores e espinhos. -É o casamento, e eu não lamento ter de ti, sou teu como você é meu, e de um, somos dois destinos, e juntos formamos como um filho, um arco-íris colorido. Abraçou-se a mim e eu o abracei também. Parei, pensei, e como ninguém sabe onde começa a crônica e termina o conto, diante das cores, o romance aceitei, e foi  assim, exatamente assim, que  eu casei, e se você não quer estar casado, cuidado, com um tronco sobre a trilha que fica solto no espaço.












                                

Comentários

Fred disse…
TE(n)SO!!!!!!!
WOW!!!!!!

E como assim "foi um Sumrf"??! Eu ainda SOU um Smurf!!!! Hahahahaha! Hugz, man!