O menino da palafita / Conto erótico


















O garoto havia recebido do bolsa família e foi comprar na mercearia do Zé da Pipa, e entre os corredores de palafitas de um manguezal de lama cinza, corria o jovem menino, filho de Maria. E gritava o menino aflito: Seu Zé! E seu Zé atrás do balcão, recebeu o bom menino e vendeu um litro de leite para ele. Era bom e santo, seu Zé da Pipa, mas às vezes lhe doía o tempo que ele exigia que o menino ficasse de joelhos no chão da mercearia. Mais fácil fazer à avenida, dizia o menino, são bons os caminhoneiros que dão dinheiro, pagam à vista, e logo voltam em paz para suas famílias. Mas nunca dá para o mês inteiro, pensou o menino, e depois eu logo serei adulto de cabelos crespos e não vão querer mais, então aliso esse maldito que um dia viro modelo, sou bonito, filho de pedreiro, forte e sem barriga de tanto carregar cimento. Sonhou e o sonho veio, logo encostou o carro preto de vidro fumê, abriu a porta o deputado e convidou o jovem bastardo, visto como filho de ninguém. Sexo oral com uísque importado e gelo, bem no cu do pobre menino caranguejo. Anda bem quem anda pra trás, disse o velho e malandro deputado, e logo os dois haviam tido um caso, pois nada ficou pra depois, e nunca mais faltou nada, nem feijão e nem arroz. O nobre deputado era conhecido pelo seu membro rígido, alto moralismo, o excelentíssimo se gabava de jamais ter sido passivo, era a honra de um nobre ativo, macho masculino de babar. E babava o garoto diante de seus desejos atendidos como ser ator de filme pornô com cara de macho, feito cara de bandido de filme americano, e logo o deputado iniciou o menino nos filmes de sexo explícito. O rapaz ganhou o primeiro dinheiro pelo filme feito e correu para a mãe dividir com sua família que necessitava, talvez uma nova casa, mas o trator derrubava as palafitas que espremia na lama o papelão,  o lixo, a taipa, a madeira compensada, tudo para o chão. Mães desesperadas, filhos sem casa, e uma longa lágrima entre irmãos. O rapaz bem vestido, ator de filme pornográfico, voltou com uma tristeza no peito para desabafar no apartamento do seu caso, o nobre deputado, ele haveria de dar um jeito, daquele, ou naquele sofrimento, mas... A mesa posta, tecido de linho, frutas e bom vinho, e muita, muita carne, entre gemidos de tremer os ouvidos, o deputado comia dois meninos, metia com a língua, gargalhadas felinas, bebia e trepava, cheirava e comia, cocaína, heroína, e pastas espalhadas pela sala, com rios de dinheiro, verdinhas de suas propinas, pagas em dólar e à vista. A televisão ligada, parecia tocar um filme de mulher pelada, para incentivar a orgia, mas era fita gravada de uma reportagem sobre a derrubada do manguezal de palafitas. as famílias foram todas despejadas, enquanto seu caso transava e ria com o dinheiro que ganhara.-Veja, deste manguezal de palafitas, eu vou fazer um terreno nobre, e em cima desta lama cinza, vamos construir um shopping! O ator, tomado de ira, viu a mesa de tecido fino, e puxou o linho derrubando toda prataria, pegou o dinheiro espalhado na sala da orgia e atirou pela janela com toda sua raiva, como disse, com toda sua ira. -Maluco, viado, prostituto! Gritou o deputado e deu um soco bem na boca do estômago do seu namorado, abriu a porta e pôs para fora o pobre-coitado, agora, arrebentado ator pornográfico. O rapaz aos prantos, desceu as escadas do prédio bem decorado, sentou num canto perto do elevador dos funcionários e percebeu que ele era apenas um garoto de programa, desprotegido e sem caso, e que ninguém pode com esse bandido, trajado de deputado, enxugou as lagrimas e pensou, que de todo filme de sexo explícito pode ser pornô a política desses políticos.





















































                                

Comentários

DMalk disse…
Uau muito bom...
Anônimo disse…
Cruelmente lírico!
Manon Lescault tropical!