A atriz de cinema / Conto erótico

          
                                                                                                                                                        
Ela gostava de ter visões sobre o futuro e andava pela estrada com suas botas longas, distraída, pensava se o rapaz atleta que andava de bicicleta não pedalava para o seu olhar, mas na estrada de calçada estreita, o cuidado faz a certeza, e entre os meninos que sorriam e lhe cumprimentavam sem nunca terem lhe conhecido, ela devolvia o sorriso, e os homens sem camisa, senhores de suas cores, exibiam o peito perfeito no exercício do dia a dia, e ela sonhava por companhia, pelo sexo oportuno, que era aquela mata na beira da estrada que o rio entrecortava feito espelho do sol, variantes em tons de amarelo e negro, então apertar o passo é sinal de que chega no centro da cidade antes de escurecer. E escureceu bem na curva, com um carro encostado no que se dizia acostamento para a prefeitura. Perigoso era aquele carro, perigoso era ficar  ali parado. Mas o farol dos carros contrários iluminavam de tempos em tempos a privacidade do motorista que resolveu parar bem na pista, para fazer ali sei lá o quê. E ela saberia,  o que ele parado ali fazia, pois curiosa, andou vagarosa e de olhos inclinados olhou o homem na janela aberta dentro do carro se exibindo, passou, mas a imagem permanece entre a preguiça e a vontade de estar logo na cidade que ela mesma inventava, noturna e rosa-clara. Ela ouviu o ruído do motor, acelerar e parar quando o carro encostou bem ao seu lado, ela cumprimentou, educadamente e seguiu com o olhar nas luzes de um distante jardim, era bonito ver o jardim iluminado e o céu noturno da cidade que vivia assim, mas o senhor, motorista, insistiu, ele lhe seguiu e estacionou adiante, tirou a camisa num movimento iluminado pelos faróis, como um cinema, um filme numa sequência, e os faróis dos carros que vinham no sentido contrário da estrada iluminavam as peças do seu próprio quebra-cabeças: moreno, alto, liso, músculos que iam se definindo, com as mãos na direção à espera do sexo fortuito, que ela não recusou, entrou no carro. Logo viu que era bem-vinda, e nas coxas do homem tocou sua boca e cresceu o falo, nunca imaginado tão bem feito. Com dificuldade insistiu o que era maior para ela, mas engoliu, forçou, até a garganta, veia por veia, de um sentir que escorria, e ela se perdia, mas por que não queria achar a saída, ela escorregou seus dedos por dentro do jeans do rapaz e pediu para se sentar. Você dá, perguntou ele, você senta? Sim, respondeu, enquanto a luz desaparecia pois não passara nenhum carro para iluminá-lo. Quis ir de frente. Com sua calcinha cor da pele, num tom transparente, ele abriu suas pernas e enfiou sua boceta, devagarinho, lindo e dolorido. Era difícil, mas ele levantou suas nádegas e penetrou seus dedos abrindo como grosso instrumento de quem sabia o que estava fazendo e fez: usou o pênis em vez dos dedos, desta vez, entrou a cabeça, com sua maturidade e depois a primeira veia, até a metade o suficiente para ela se perguntar na mente qual era a sua idade, ela respondeu e se afogou com seu pênis, depois relaxou num grito enquanto ejaculava várias vezes melando os seus sentidos, ela gozou e ele gozou também, e tudo escureceu de vez: e só a lua da estrada permanecera iluminada. E tudo terminado ela foi se vestir para partir e nada, cadê a sua chave, o cigarro, e sua carteira, e tudo estava escuro, estavam os dois já vestidos, mas perdidos dentro do carro, porém,. mais um carro no sentido contrário e encontrou o seu cigarro, mais uma perua de faróis altos, viu a chave caída no asfalto, mais um carro que veio de faróis acesos, e ela encontrou sua carteira. Achou tudo, perguntou ele, e respondeu que sim, e ele pode se despedir. Mas, estranho o tempo, saiu do carro e ela voltou a pé para o seu trabalho. E ele foi sumindo, sumindo, até que desapareceu. E lá vai ela na estrada sozinha vagarosa no consolo dos seus pensamentos soltos, às vezes acho que é o que penso que faz a estrada e por isso prefiro minhas botas pretas, assim como as coincidências imaginadas na estrada que fortalecem minha fé imaginada. Chegou no shopping, cheia de fome, entrou para comer, mas ainda havia um tempo para o cigarro, colocou a mão no masso e tinha sessenta reais trocados do acaso.  Ela não tinha esse dinheiro, pensou, mas como a nossa mente nos passa a perna, por vezes esquecemos o que carregamos nela. E naquele silêncio, antes de ela sair do carro, o que ele havia feito? Talvez ele lhe tivesse dado dinheiro, mas sessenta reais, ela não se lembra de te-los a mais. Mas foi tão bom que o que ela queria saber era se ele lhe via como clichê de um filme repetido e discretamente pagou o programa da atriz por isso, ou a vida é assim, afinal ela era mais do que somente uma mulher de um filme pornográfico, aposentada com seus sapatos , botas pretas de salto altos gastos, e no coração dos seus seios, existia uma literatura com seu pensamento mágico.                                       

Comentários